sábado, 3 de dezembro de 2011

A -33 O Custo do Progresso

Como todos sabemos, uma certa via de comunicação, que muita agitação tem causado entre a nossa já de si não muito pacata comunidade, está agora perto (mas certamente não demasiado perto) de ser concluída. Refiro-me, claro, à A-33. Esta auto-estrada, com uma extensão prevista de 32 km (que integra a concessão do Baixo Tejo) vai desde Casas Velhas a Alcochete, indo ligar Almada ao Barreiro, com o propósito de aliviar o tráfego que sobrecarrega a IC20, criando uma alternativa de acesso às praias da Caparica.
Sou da opinião que a construção desta via vem criar vários problemas em diversas áreas. Primeiramente, que uma parte da via será portajada, situação que levará a população que dela se servir a evitarem o troço em se paga a portagem (entre Palhais e a Coina), criando problemas de circulação nas vias locais que ligarem os troços gratuitos. Como munícipe da Charneca da Caparica, que verá os seus problemas de trânsito complicarem-se, considero que esta obra, em vez de facilitar os problemas locais, antes os complica, indo complicar ainda mais o trânsito local.
Mais ainda, considero que o custo ambiental desta obra não é justificavel pela sua utilidade (ou inutilidade). A A-33 vai destruir uma boa parte da Rede Natura 2000, que, implementada a nível Europeu, se destina preservar a flora e a fauna numa reserva natural que é brutalmente invadida por esta obra. Esta obra irá, com efeito, ameaçar muitas espécies actualmente protegidas, algumas delas ameaçadas, deixando-as expostas aos elementos da modernidade que invade assim o recato de um bastião local da Natureza. A A-33 deixará o Concelho de Almada mais pobre, pelo menos no que se refere à qualidade ambiental do espaço que habitamos.
Por fim, esta obra vem ameçar a existência do Cruzeiro do Monte do Outeiro, na Charneca da Caparica, local que para mim e muitos outros munícipes constitui um valioso património cultural e espiritual que, datando já do século XVI, nunca foi reconhecido pelas entidades competentes (nomeadamente o IPAR e o IPPC) como tal, deixando-o ao abandono, a meu ver uma desconsideração pelo legado dos nossos antepassados.
Pergunto-me: o que é afinal o progresso? Esta obra, custou, em 2009, 200 milhões de euros e causou na sua construção, como causará quando for concluida, sérios problemas a quem dela beneficia. A A-33 tem, como todo o Progresso, as suas vantagens e desvantagens. Mas é necessário diminuir o impacto, as desvantagens, e não destruir por destruir, tal como não se pode construir sem motivo, como tem sido feito, não só em Almada, como por toda a Nação.



Paulo Carreiro
Vogal da Comissão Política Concelhia do CDS-PP Almada