Na última Assembleia Municipal em Almada, votava-se a proposta apresentada pelo PS, para impedir a reserva de território para possível, instalação de contentores na Trafaria, quando se gerou um pequeno burburinho no plenário, levando a alguns sorrisos "matreiros". Este facto deveu-se, a que na votação, os deputados dos CDS/Partido Popular tiveram voto diferente, facto que só pudemos concluir, que maior parte das bancadas estarão condicionadas à disciplina de voto, o que no CDS/Partido Popular salvo algumas questões de cartilha doutrinária, os deputados, tal qual partido livre, têm liberdade de voto e de opinar conforme a sua consciência.
Neste caso, abstive-me na votação dessa mesma proposta, facto que originou, que a mesma não tivesse tido unanimidade na assembleia.
Pois bem. aqui publicamente perante os militantes e aqueles que em nós votaram indico as razões de tal sentido de voto.
É por demais evidente, que todos nós queremos uma paisagem bonita quando de manhã abrimos a janela e respiramos ar puro e ouvimos o canto dos passarinhos. É evidente, que todos nós queremos viver num sítio, que seja utilizado pelos Correios para fazer um óptimo postal. É evidente, que todos nós queremos paz e sossego quando chegamos a casa depois de um dia de trabalho. Tudo isto, e qualidade de vida é, o que queremos para nós e para as nossas famílias, e as gentes da Trafaria não serão excepção.
Contudo, e no âmbito do que conheço da Trafaria, e das visitas que o partido efectuou nomeadamente aquando das últimas campanhas eleitorais, leva me a concluir, que com contentores ou sem contentores, a Trafaria e as suas gentes, não podem continuar à mercê do degredo, da desertificação e abandono em que se encontram neste momento. E esse é, o facto da minha decisão de voto.
Sendo assim, ao abrigo do desenvolvimento quanto antes, e preferível ao que temos neste momento na respectiva freguesia da Trafaria, não me choca de todo, que tal como as grandes cidades europeias, tenham um porto onde seja feito o transbordo de mercadorias e bens.
Não vejo porque razão, a instalação de infra-estruturas portuárias na Trafaria tirem o sono e a dignidade aos seus habitantes, na minha opinião bem antes pelo contrário, e isto porque:
De uma vez, por todas, seria feita a reabilitação da zona. Há anos e anos que aquela zona está postada ao abandono com casas degradadas, passeios desnivelados, a escarpa em duvidoso estado de conservação, os acessos à freguesia em péssimas condições, um terminal rodoviário e fluvial que em nada dignifica a zona, restaurantes e comércio ao abandono, desemprego alto, áreas de lazer inexistentes, enfim tudo um conjunto de situações que nos leva a dizer que algo tem de ser feito já, para que se altere o mais breve possível esta situação.
O Terminal de contentores poderia trazer para a freguesia e concelho, a reabilitação somática de toda a zona baixa e alta da Trafaria, com um porto de abrigo seguro e em condições, desenvolvimento económico para o concelho e freguesia, reabilitação da zona envolvente quer da escarpa, quer da parte mais alta da Trafaria, construção de acessos dignos e em segurança, e sobretudo, a criação de postos de trabalho para aquelas gentes que tanto precisam.
Hoje em dia, alguns olham com desconfiança para determinados projectos, aqueles de mente mesquinha e tacanha que têm medo do progresso. Não me choca de todo que se esse projecto, for enquadrado dentro das normas em vigor onde respeite o espaço público e privado, respeite as normas de higiene, segurança e ambiente, e se organize e elabore com projecto com com cabeça, tronco e membros, penso que a vinda dos contentores para a Trafaria, não seria assim tão má como muitos, e penso que mais com o coração que com a cabeça, teimam em não querer sequer estudar e pensar num projecto dessa envergadura.
Uma grande mobilização dos partidos, da câmara, das empresas, do porto de Lisboa, das gentes da Trafaria, e do governo, levaria à elaboração de um grande projecto com viabilidade para tal.
Na minha opinião, o que está, é que não pode continuar, infelizmente tal como toda a zona ribeirinha que vai de Cacilhas até à Cova do Vapor, não é digno de uma margem de um rio que atravessa uma capital europeia.
Urge pensar a Cidade.
Por estas razões, me abstive na respectiva votação.
António Pedro Maco
Deputado Municipal CDS/Partido Popular