Na última terça-feira, a Câmara Municipal apresentou o projecto de pedonalização da Rua Cândido dos Reis à população de Cacilhas. Esta exposição foi recebida com interrogações, receios e preocupações por parte dos moradores e comerciantes, nomeadamente em relação às acessibilidades, segurança e afluência de clientela aos negócios. Tendo em conta obras semelhantes já realizadas noutras ruas, o CDS-PP de Almada partilha esses receios e não vai deixar de alertar os Almadenses para mais uma potencial asneira do elenco da Sra. Presidente Maria Emília de Sousa.
A obra tem um custo previsto de 500 mil euros e a intenção dos autarcas e técnicos municipais é libertar espaço para o desenvolvimento das actividades económicas da rua. Pretende-se aumentar os espaços de esplanada da restauração, construir adros em frente ao Posto de Turismo (antigo quartel dos Bombeiros de Cacilhas) e à Igreja de Cacilhas, assim como colocar calçada simulando ondas, embarcações e golfinhos… Em teoria, isto é muito bonito! Porém, vai implicar o impedimento total ao trânsito automóvel, a extinção dos lugares de estacionamento disponíveis e a mais que provável diminuição de clientes nos negócios existentes.
Tanto residentes como visitantes terão as suas viaturas afastadas do local, em parques existentes nas redondezas com pouca acessibilidade e segurança durante a noite, tal como o parque de estacionamento do moinho. A restauração e as lojas verão dificultado o abastecimento à sua actividade e perderão com certeza muitos clientes. As viaturas de emergência não assistirão os doentes com a mesma facilidade. A empresa Auto Centro Neopneus corre o risco de ser deslocada para outro local, já que os carros de clientes e viaturas de abastecimento acedem por esta rua. Isso significará também a perda de clientes e, consequentemente, a diminuição de postos de trabalho.
A Sra. Presidente da Câmara prometeu analisar todas estas questões. Foi prometido acesso gratuito aos parques de estacionamento para os moradores, maior policiamento de proximidade, nomeadamente à noite, e especial atenção ao caso dos veículos de abastecimento e emergência.
Ora, a julgar pela atenção dada a casos semelhantes no centro da cidade, aquando da instalação da linha do eléctrico, este projecto não inspira confiança. As reticências dos habitantes justificam-se. Apesar da intenção ser boa em teoria, a prática desta Câmara diz-nos outra coisa. A garantia dos comunistas é construir uma cidade com mais qualidade para quem cá reside e quem nos visita, mas o exemplo da principal artéria da cidade (as avenidas entre o Centro Sul e Cacilhas) conta-nos outra história. As esplanadas estão vazias e o comércio local morreu, pois os cortes ao trânsito automóvel, a colocação de parquímetros em todas as esquinas e as trocas aos sentidos das ruas afastaram as pessoas. Os principais largos e espaços de convívio são autênticas zonas fantasma ao fim-de-semana, arranjadas de forma austera e sisuda, sem espaços ajardinados ou outro tipo de ambiente mais acolhedor.
Por isto, as consequências podem ser ainda piores em Cacilhas, já de si uma zona de acesso mais complicado, ao estar numa ponta do concelho. O CDS-PP e a JP de Almada apoia a desconfiança dos moradores e comerciantes de Cacilhas. Esperamos que os arquitectos da Câmara pensem menos em ondas e golfinhos e mais nas preocupações dos Munícipes. Os mesmos erros do centro de Almada não podem voltar a acontecer.
Paulo Zorro
Vice-Presidente Juventude Popular de Almada
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