sexta-feira, 15 de junho de 2012

Um ano de diplomacia a sério no Ministério dos Negócios Estrangeiros

O ministro Paulo Portas e a sua equipa efectuaram um trabalho meritório à frente do ministério dos Negócios Estrangeiros, ao longo do primeiro ano deste governo. Fez-se uma reforma necessária à rede de embaixadas e consulados, aplicou-se uma estratégia de diplomacia económica, mas sobretudo trabalhou-se muito para melhorar a percepção que o resto do mundo tem de Portugal.

Era obrigatório racionalizar recursos numa altura em que as disponibilidades são escassas, mas o ministério foi mais além e readaptou a rede de embaixadas e consulados em função das maiores prioridades da actuação de Portugal no exterior, dada a profunda crise em que se encontra. Desta forma, não só se fechou embaixadas onde não são tão precisas ou se reduziu os consulados nos países onde há vários, como também se rodou os diplomatas e redistribuiu as equipas em função duma nova linha de objectivos: a diplomacia económica.

O conceito não é novo e algo semelhante já foi implementado no tempo do ministro Martins da Cruz, mas com um organigrama tão complexo e burocrático que não resultou. Desta vez, os diplomatas têm objectivos concretos e quantificáveis e disso dependerão as suas futuras avaliações. Terão missões de atracção de negócios e investimento para o país. As delegações externas do AICEP também foram completamente integradas nas embaixadas. De facto, há um debate sobre se a classe diplomática ainda faz sentido actualmente. O seu papel não se deve esgotar na mera representação política formal, na passagem de informações ao governo central ou no típico apoio às comunidades emigrantes e turistas do país de origem. No caso português, e tendo em conta as necessidades do país, Paulo Portas deu uma resposta ao problema. Serão também "vendedores" de Portugal no estrangeiro. Se é uma função adequada? É discutível. Se é necessária e útil? É. O país precisa.

Ainda assim, a marca que mais ficou foi a energia e a determinação do ministro em trabalhar para aumentar a credibilidade e a confiança internacional de Portugal. Precisamos que voltem a ter confiança em nós, que nos vejam como um espaço vantajoso para investir e onde há pessoas com valor. Um dos factores que determina o sucesso ou fracasso das políticas externas e das relações entre Estados é a imagem que projectam uns aos outros e a percepção que têm uns dos outros. Paulo Portas não tem parado em visitas ao estrangeiro, onde tem encontros e participa em seminários e conferências, etc. Entretanto, também anuncia medidas para ajudar à recuperação económica, tais como facilitar a concessão de vistos às empresas que invistam em Portugal acima de certos níveis.

Numa altura em que é preciso batalhar para recuperar das dificuldades, o ministro dos Negócios Estrangeiros tem sido contido nas palavras e expressivo no trabalho. Dá o exemplo e faz a sua parte. Esforça-se para não deixar "morrer" a nossa imagem no estrangeiro, por convencer que fazemos os possíveis para melhorar a nossa situação e somos parceiros de confiança.

Desta vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros não fica no topo das sondagens de confiança nos ministros por a actuação deste ministério não ser alvo de tanto mediatismo quanto a dos outros  e, portanto, passar simpaticamente despercebida. Fica no topo, porque trabalha bem.






Paulo Zorro - Membro da Comissão Política Concelhia de Almada