
Ontem no parlamento o CDS foi o único partido a falar de princípios numa questão cuja exploração é tentadora mas que remete directamente para os princípios da segurança internacional e da missão inalienável dos diplomatas. Refiro-me ao pretenso debate - este ou qualquer outro - sobre um telegrama da embaixada dos Estados Unidos da América em Lisboa.
Qualquer pessoa com um mínimo conhecimento de historia diplomática (ou um módico de sentido de estado) sabe que a missão de uma embaixada é defender os interesses permanentes do Estado que representa. O trabalho dos diplomatas é por natureza reservado, discreto e não raro secreto. Por isso mesmo a sua correspondência é sujeita a classificação e nas melhores democracias do mundo há regras estritas que só permitem a abertura dos arquivos (por exemplo para finalidades científicas) décadas depois.
O que está a suceder com o Wikileaks é uma violação pura e simples da reserva e do segredo de Estado na área diplomática e essa violação põe em risco físico e profissional diplomatas, militares e funcionários. Aceitar discutir o conteúdo de um ou mais telegramas é coonestar, ser cúmplice ou até patrocinar essa violação e esse risco. O CDS não o fará - por uma questão de princípio. Ponto final, parágrafo.
O entusiasmo do PCP e do Bloco tem aliás uma límpida resposta: esperamos vê-los furiosamente adeptos da revelação da correspondência diplomática de Cuba, da Coreia do Norte, do Irão ou da Albânia.
Senti verdadeiro orgulho em liderar um partido que perante o chinfrim se mantém seguro; e que mantém princípios.
Por Paulo Portas
Sem comentários:
Enviar um comentário